ANÁLISE E REFLEXÃO SOBRE A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO COM A EDUCAÇÃO

quarta-feira, 25 de maio de 2011

E_Fólio B

Tarefa 1 - Considere as temáticas abordadas no TEMA 2. Desenvolvimento ao longo do ciclo de vida, e respectivos conceitos estruturadores [...].

Elabore uma reflexão sob a forma de um pequeno ensaio, tendo em consideração que deverá abordar, obrigatoriamente, 2 das temáticas estudadas.

O PRINCÍPIO E O FIM DA VIDA EM DESENVOLVIMENTO

(Resumo)

Será que entre a infância e a velhice existem pontos comuns? Penso que não! A não ser que ambos estão em constante desenvolvimento, embora de formas diferentes, e que tanto as crianças como os idosos necessitam da nossa atenção, não por serem mais frágeis mas porque, na minha opinião, as crianças e os velhos são o presente e o futuro do mundo. Para uma sã continuidade da espécie humana, as crianças necessitam de ser educadas e bem formadas, e os velhos porque cada vez mais são capazes de se manter saudáveis e produtivos durante mais tempo, não deverão ser vistos como um peso para a sociedade, mas uma mais valia de experiência de vida e de sabedoria.

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De acordo com a teoria de vinculação de John Bowlby o saudável desenvolvimento psicológico do ser humano está fortemente ligado às relações que são estabelecidas com os adultos, em particular com a mãe, nos primeiros anos de vida. “A vinculação é a necessidade de criar e de manter relações de proximidade e de afectividade com os outros, de o bébé se apegar a outros seres humanos para assegurar protecção e segurança. [...] Bowlby explica a relação de vinculação através da Teoria dos Sistemas de Controle. [...] há cinco comportamentos, padrões fixos de acção, que estão ao serviço da vinculação. São eles o chupar, agarrar, seguir, chorar e sorrir.” [1]São estes comportamentos que ligam a criança à mãe. São as respostas biológicas do ser humano.

Existem outros dois conceitos que são muito importantes, na perspectiva de Bowlby, o ambiente de adaptabilidade evolutiva e o de proximidade.

“O conceito de ambiente de adaptabilidade evolucionista sugere que o comportamento de vinculação é um comportamento adaptativo necessário à sobrevivência, inscrito biologicamente e resultado do processo evolutivo da espécie humana. Dado a vulnerabilidade, inacabamento ou aquilo que se costuma chamar imaturidade do bebé humano, os adultos que o rodeiam são fundamentais não só para o protegerem dos perigos do meio, numa perspectiva evolutiva, como também para garantirem o desenvolvimento das estruturas psíquicas necessárias ao processo de se tornar humano. O conceito de proximidade implica uma noção espacial relacionada com a distância física necessária entre o bebé e a figura parental que permite, no comportamento de vinculação, responder às necessidades da criança, proporcionando-lhe um sentimento de segurança. “[1]

Verifica-se, então, que na nossa sociedade o papel da família para o desenvolvimento equilibrado do ser humano é um papel deveras importante. A relação da criança com a família gera segurança de vida e equilibrio psicológico. O bébé sente segurança porque sabe que, mesmo quando está separado dos familiares próximos, a relação existe. Investigações feitas por Mary Ainsworth demontraram que este tipo de segurança que a criança encontra na familia próxima, faz com que fique mais apta para enfrentar o desconhecido, o mundo que a rodeia, de uma forma tranquila. Por isso, a mãe, que é quem normalmente está mais perto do bébé, deve responder calorosamente às solicitações de vinculação do bébé.

Apesar de todos estes estudos e segundo Gomes-Pedro, “a sociedade civil não identifica ainda a criança como prioridade mundial [...]O desafio da cultura que se projecta nas prioridades e que, em última análise, confere ou não a prioridade às irredutíveis necessidades da criança é o desafio de todos e para todos a ser, necessariamente, construído por todos, embora, inquestionavelmente, tenha que ser assumido, prioritariamente, pelos mais responsáveis. É esta a responsabilidade dos pediatras, dos educadores e de todos os que se cumprem na devoção à cultura da Criança.”(2004, p.36)

As mudanças na nossa sociedade no que diz respeito ao facto das mães terem que trabalhar fora de casa alteraram as relações familiares e afectaram o desenvolvimento do ser humano. É estremamente curioso e verdadeiro o texto João Gomes-Pedro, que transcrevo:

As mudanças na nossa sociedade no que diz respeito ao facto das mães terem que trabalhar fora de casa alteraram as relações familiares e afectaram o desenvolvimento do ser humano. É estremamnete curioso e verdadeiro o texto João Gomes-Pedro, que transcrevo:


“As mulheres eram supostas estar em casa com as crianças, tal como era suposto ser seu prazer o cuidar dos seus filhos, do seu marido e do seu lar. Na contraface desta expectativa, o homem era suposto assumir as rédeas do lado competitivo da vida, nesse lado incluída a missão de assegurar sobrevivência económica à família constituída.

Historicamente, fomos capazes, enquanto espécie, de lidar com estas duas faces da moeda através de rituais e de preconceitos inspirados de regras, de expectativas e de papéis sociais mais ou menos cumpridos, que nem sempre assumidos.

Em menos de meio século, a transformação social foi enorme.

Entretanto, não fomos ainda capazes de nos adaptarmos, reflexivamente, a esta transição major da nossa existência e o resultado da desadaptação está à vista, sobretudo marcado e expresso na disfunção familiar.” (João Gomes-Pedro, 2004, p.37)

Por outro lado, a velhice é uma mais valia em experiência e sabedoria como referi na introdução.

Existem poucos estudos sobre a velhice, no entanto considero importante mencionar as investigações feitas por Baltes e colaboradores que concluiram que as pessoas mais velhas demonstram ter conhecimentos factuais muito bem organizados «sobre a natureza humana e sobre circunstâncias da vida – motivos, emoções, vulnerabilidade, mortalidade, normas sociais, acontecimentos marcantes da vida e sua ocorrência em função da idade,[...] conhecimentos processuais sobre problemas da vida pois manifestam elevado conhecimento de estratégias e heurísticas referentes à gestão e à interpretação de acontecimentos, tendo em conta o passado, o presente e o futuro; são capazes de analisar um determinado problema em termos de custos e de benefícios, de tomada de decisão, de planificação da acção, de observação das suas próprias reacções emocionais e das dos outros; são capazes de aconselhar nos momentos oportunos»(Marchand, 2001, p.153). Além destes conhecimentos, os idosos, ao contrário das crianças e jovens, possuem uma capacidade muito grande de contextualização, um enorme poder relativista e uma percepção fantástica sobre a imprevisibilidade da vida e uma enorme capacidade para lidar com a mesma.


Muitos vêem na velhice um declínio intelectual, contudo, e de acordo com Tavares et al. “vários problemas cognitivos que surgem na velhice poderão não ser consequência directa da idade, mas reflexo de outros factores, como depressão, inactividade, efeitos secundários de medicação, isolamento social, pobreza, falta de motivação e falta de cuidados pessoais.”(2007, p.100)

O ser humano está em constante desenvolvimento, tanto a criança como o idoso. Parece-me que é tarefa vital dos adultos darem importancia a estas duas fases do desenvolvimento humano porque são as mais importantes em termos de utilidade real no dia a dia da sociedade.


Palavras-chave: Infância, vinculação, proximidade, adaptabilidade evolutiva, velhice, sabedoria, desenvolvimento humano.

BIBLIOGRAFIA:

Gomes-Pedro, J. (2004) O que é Ser Criança? Análise Psicológica.

Marchand, H. (2001). A Sabedoria.. Temas de Desenvolvimento Psicológico do Adulto e do Idoso.

Tavares et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.




[1] Cit. In “O comportamento de vinculação”, p. 13. Disponibilizado na plataforma da UAb em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1185741 Consultado em 21 de Maio de 2011.


Tarefa 2 - Elabore uma reflexão sobre o seu percurso de trabalho na UC de Psicologia do Desenvolvimento [....]

O meu percurso de trabalho na UC de Psicologia do Desenvolvimento está a ser um pouco diferente daquilo que eu esperava. Gosto imenso dos conteúdos, os temas são apaixonantes, mas devido ao pouco tempo que tenho para me dedicar aos mesmos, o meu desempenho e consequentemente os resultados ficam um pouco aquém do desejável. Francamente, não sinto dificuldades na aprendizagem em si, mas sim em gerir o tempo, no entanto, sinto que tenho evoluído na minha forma de ver o desenvolvimento humano, a minha concepção sobre o que é ser criança, adolescente, adulto e idoso mudou, estando agora muito mais enriquecida nos conhecimentos sobre o desenvolvimento humano. Gostei imenso da forma dinâmica como a U.C. foi conduzida e todos os aspectos me interessaram de forma marcante, tive muita pena de não ter conseguido acompanhar na totalidade todas as matérias e de não ter conseguido efectuar todas as actividades.

Gostava de referir que, a participação nos foruns, de alguns colegas que apenas despejam matéria e não lançam qualquer repto para debate, me desmotivou fazendo com que a minha participação nos foruns diminuisse. Entendo que os foruns não foram criados para despejar matéria mas sim para debatermos temas. Noutras U.C.s, tem sido ainda mais marcante, esta U.C. tem os temas todos bastante orientados.

No que diz respeito à avaliação gostaria que fosse possível um comentário mais extenso ao nossos e-fólios. Por exemplo, não consigo entender o porquê de se referir: “apresenta poucas referências bibliográficas ao longo do texto”. Será que é assim tão necessário em textos tão pequenos existiram variadas referências bibliográficas? Eu penso que talvez nalguns casos isso seja importante, mas nem sempre. Eu gostaria de ver outros aspectos referidos, como: “ foram-lhe descontados x pontos por isto ou por aquilo”. Por outro lado a participação nos foruns deveria ser avaliada, não tanto pela quantidade mas mais pela qualidade das intervenções. Contudo entendo que para se avaliar a participação nos foruns as turmas deveriam ser mais pequenas: turmas com cerca de sessenta alunos ou mesmo até trinta que fossem, inviabiliza completamente essa avaliação.

Apesar de tudo o que referi, o balanço é muito positivo. Agrada-me imenso este tipo de ensino, mas não aprecio nada quando um professor simplesmente coloca os conteúdos na plataforma e raramente o “vemos”. Entendo que o papel do professor é de um ajudador, facilitador da aprendizagem e por isso deve provocar nos alunos a vontade de aprender, deve saber motivá-los. Há uns dias vi um video do maestro Benjamim Zander, ele contava que numa escola onde ensinava, numa palestra, a certa altura os alunos estavam todos calados a ouvir atentamente e o maestro começou a bater palmas. Adorei particularmente quando o maestro pergunta às crianças "porque estou a bater palmas?" e um deles responde : "porque nós estamos a escutar". Então o maestro disse "o maestro depende do seu poder na habilidade de fazer as outras pessoas poderosas[...]despertar possibilidades nas outras pessoas." Como sabe ele isso? "...se os olhos dos seus alunos estiverem a brilhar." Pergunta ele como maestro: "Quem estou eu a ser que os olhos dos meus instrumentistas não estão a brilhar? Um bom professor tem o dom de provocar... e de fazer com que os olhos dos seus alunos brilhem. Um professor deve ser um bom maestro. E isto até aconteceu nesta U.C.

WEBOGRAFIA:

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/benjamin_zander_on_music_and_passion.html